domingo, 15 de julho de 2012

É UMA MANHÃ APRAZÍVEL,


pensa, enquanto, sentado no banco, observa jovens na grama.  Em pequenos grupos, ou aos pares, mostram-se viçosos.  Volta a sua atenção ao desespero de Luísa diante da chantagem de Juliana.  Não se concentra na leitura: a algazarra juvenil o incomoda.  Uma moça olha-o.  Envaidece-se.  Imagina-se ainda atraente.  Instintivamente, afaga o seu saco e o seu pau.  Velho saliente, ouve da jovenzinha.  As amigas, festivas, recebem-na, e, em seguida, todas o olham. O desprezo é evidente.  Sorri diante de sua capacidade de desnudá-la por completo. A moça que o chamou de velho saliente, por exemplo, de costas, cabelos quase a alcançar a bunda, que lhe chama a tocá-la, a abri-la.  Vez por outra, o movimento do corpo torna o seio ponteiro de uma bússola que indica o paraíso. As outras mostram-lhe as bocetas (imagina!) saradas.  Quase que todos os seios, tão acanhados, enganosamente colocam-nas como impúberes. Uma jovem, deitada de bruços na relva, absorta em uma leitura, faz-lhe deter sobre a sua bunda, linda com dois montes irmãos, pronta para ser coberta.  Lembra de Maria, aquela infeliz. Miseravelmente, depois de lhe sugar suas posses e sua virilidade, deixou-lhe apenas com HPV e a capacidade de fantasiar orgias.  Levanta-se, deixando o parque para trás.  Atravessa a avenida.  Entra no edifício que mora.  Rapidamente, adentra ao apartamento. Displicente, lança o português sobre o sofá. Faz uma trilha com os calçados, a camisa e a cueca, o que, no passado, não seria possível. Alcança a corda pressa ao parapeito da varanda. Veste o laço em seu pescoço, e, povoada a memória com bocetas, seios e bundas, salta para fora.

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