pensa, enquanto, sentado no banco, observa jovens na grama. Em pequenos grupos, ou aos pares, mostram-se
viçosos. Volta a sua atenção ao
desespero de Luísa diante da chantagem de Juliana. Não se concentra na leitura: a algazarra juvenil
o incomoda. Uma moça olha-o. Envaidece-se.
Imagina-se ainda atraente.
Instintivamente, afaga o seu saco e o seu pau. Velho
saliente, ouve da jovenzinha. As
amigas, festivas, recebem-na, e, em seguida, todas o olham. O desprezo é
evidente. Sorri diante de sua capacidade
de desnudá-la por completo. A moça que o chamou de velho saliente, por exemplo,
de costas, cabelos quase a alcançar a bunda, que lhe chama a tocá-la, a abri-la. Vez por outra, o movimento do corpo torna o
seio ponteiro de uma bússola que indica o paraíso. As outras mostram-lhe as bocetas
(imagina!) saradas. Quase que todos os
seios, tão acanhados, enganosamente colocam-nas como impúberes. Uma jovem,
deitada de bruços na relva, absorta em uma leitura, faz-lhe deter sobre a sua
bunda, linda com dois montes irmãos, pronta para ser coberta. Lembra de Maria, aquela infeliz. Miseravelmente,
depois de lhe sugar suas posses e sua virilidade, deixou-lhe apenas com HPV e a
capacidade de fantasiar orgias. Levanta-se,
deixando o parque para trás. Atravessa a
avenida. Entra no edifício que
mora. Rapidamente, adentra ao
apartamento. Displicente, lança o português sobre o sofá. Faz uma trilha com os
calçados, a camisa e a cueca, o que, no passado, não seria possível. Alcança a
corda pressa ao parapeito da varanda. Veste o laço em seu pescoço, e, povoada a
memória com bocetas, seios e bundas, salta para fora.
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