quinta-feira, 23 de abril de 2009

O BIGODE DE NIETZSCHE

era preciso, a bem das instituições, podar o bigod de Nietzsche, o bigo de Nietzsche, o big de Nietzsche, o bi de Nietzsche, o b de Nietzsche, o de Nietzsche.
Estava, enfim e assim, restabelecida a ordem. Mas eis que de repente, não mais que de repente, o b de Nietzsche, o bi de Nietzsche, o big de Nietzsche, o bigo de Nietzsche, o bigod de Nietzsche, o bigode de Nietzsche!

quarta-feira, 1 de abril de 2009

MR. MARLBORO

dedicado aos fumantes da aldeia

Quando, cambaleando, chegou em casa, a noite já se despedia. Apalpou os bolsos à procura de um, não achou. Desolado, exclamou: vício maldito! Maldito ou não, precisava de um imediatamente. Pior é que nas proximidades não encontraria nada aberto. Sem alternativas, uma idéia acendeu-lhe a mente. Transformo-me eu mesmo em um. Riscou o fósforo. Iniciou pela ponta dos dedos dos pés, ainda úmidos, mas já livres dos sapatos e meias, deixados ao longo do corredor. Teve de repetir a operação seguidas vezes. Na terceira, obteve sucesso. Começou então a tragar, consumindo-se em longas baforadas. Quando a brasa atravessou os órgãos genitais, sentiu uma estranha sensação, e gostou. Quis sentir de novo, mas já não era mais possível, a região agora era somente um rastro de cinzas.
Há tempo para tudo, pensou.
Pois não é que quando a brasa consumiu o abdome e começou a se aproximar do tórax, ele, tomado por um impulso vindo não se sabe de onde, resolveu parar de fumar e se apagou.
Tinha pavor de câncer de pulmão.