sexta-feira, 27 de agosto de 2010

... AUTOMÓVEIS E AUTOMÓVEIS E AUTOMÓVEIS!

Para Regina Lúcia

Desde criança, nos idos de 1910 isso, aquela porta fechada a sete chaves, e a proibição, antiga: que nunca se tente nem sequer abri-la.
“Mistério, meu filho, o que há aí, por trás. E com mistério não se brinca.”
“Ninguém nunca tentou abrir ela, mãe?”
“Não, filho, nunca. Desde o tempo de seu tataravô. E assim deve continuar. Com mistério não se brinca.”
Agora estou muito velho para temer alguma coisa e nem a desculpa de que me faltava a sétima chave posso arguir, que há muito a possuo. Por que não girá-la de uma vez, mesmo assim tão trêmula a mão? Giro... Empurro-a... Um jato de luz me cega. Aos poucos, porém, vejo. Desço a escada em espiral. Atravesso, sob penumbra, o enorme corredor. Subo, cansadissimo, a escada em espiral. Às minhas costas, o Poti; à frente, muitos prédios, altos prédios, que em Teresina não há. Onde, meu Deus, onde eu estou?
“Sim, mãe, com mistério não se brinca.”
“Então se esqueça de vez dessa porta fechada, filho.”
Quando quis voltar, nada atrás de si, senão...

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