quarta-feira, 1 de outubro de 2008

A ÚLTIMA CEIA

Ao contista Airton Sampaio


A mulher, que há uma semana nem lhe atendia os telefonemas, agora lhe acenava com o que, com freqüência, negara. Redimir-se-ia porém, hoje, do batom na cueca.
Às escuras, a casa. Qual a surpresa? A mulher, na cama, nuinha, ou numa lingerie provocante? “Amor?”, sussurrou. “Cadê você?” O quarto: porta entreaberta. A cortina penumbrava mais ainda o ambiente, impedindo o fulgor lunar daquela noite. Vulto da mulher na cama, deitada, as pernas semi-abertas, os braços erguidos, chamando-o.
Mal se desfez de toda a roupa atirou-se sobre a mulher, e o abajur repentinamente aceso revelou E., A., J. e M. que, nuas e em uníssono, gritaram “Surpresa!”, e se arremessaram sobre ele. “O que é isso?”, balbuciou. A mulher disse que o amava demais e que, entre procurar outra na rua, que não conhecia, preferia que ele se satisfizesse com ela e as amigas. Porque achou que o testavam, repeliu os toques. Mas, enquanto a mulher, A, J. e M. o subjugavam, E. imprimiu gestos audaciosos, com mãos e boca. Relaxou...
Sem limites — qualquer um! —, transou com a mulher, E., A. e J. Com a última, sabia, não resistiria ao gozo, inteiro que estava, seu corpo chocando-se com as nádegas da mulher. Gritou “Vou gozar”, e antes que M. anunciasse por completo o ápice, o estampido, e a última imagem vista, fixada na cabeceira da cama, um fragmento de seu cérebro.
Depois, apenas o corpo arremessado sobre M.

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