domingo, 19 de julho de 2020


DIÁSPORO

Quem sabe eu tenha a sorte do último troiano que,
ao deixar para trás ruínas em fogo,
tal como o grego sagaz,
enfrentou tempestades em mares bravios até desembarcar nas praias do Lácio.
Também fui, a contragosto, deslocado.
Também atravessei escuridões.
Também fui sacudido por tempestades de ódio.
Também fui esgotado pela sede e fome.
Ainda não tenho como saber a sorte definitiva do meu destino, mas sigo.
Quem sabe alguém me receba como o rei Latino a Ilioneu.
Porque o que peço é muito pouco.
Não é nada, como disse o guerreiro troiano, o ramo de Palas no peito, que não possa ser oferecido a qualquer um.


(Nota: abaixo, em imagem capturada do Google, a figura de Eneas, deixando as ruínas de Troia. Para conhecer melhor a epopeia do herói troiano, ler o poema Eneida, de Virgílio).